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As relações de trabalho na empresa holística

 


Carlos Reinaldo Mendes Ribeiro *

 

A Administração Holística, ao assumir que a empresa é uma organização de pessoas que utiliza o capital, revolucionou a chamada área de Recursos Humanos que passa a se confundir com a própria empresa.

Paradoxalmente esta situação tem gerado insegurança para muitos profissionais da área, que se sentem ameaçados pelo que pode parecer uma invasão nas suas tradicionais atribuições.

Na verdade, algo similar ocorre com todos os setores gerenciais convencionais, uma vez que a concepção de uma empresa global, destituída de limites internos e externos, revoluciona a distribuição do poder e "desorganiza" feudos, que eram antes cuidadosamente defendidos.

A ruptura dos limites internos e externos, se por um lado expõe mais as pessoas com relações informais que antes não existiam, por outro, abre um campo fascinante de interação profissional, face ao qual, os mais competentes assumem espaços que antes eram restritos a cargos devidamente descritos, avaliados e ocupados.

O novo papel a ser desempenhado pelo antigo profissional de recursos humanos exige, não somente uma preparação adequada, como, principalmente, uma nova disposição para ocupar espaços, o que somente poderá ser feito por aqueles que se preparem adequadamente para tal.

Realisticamente é preciso assumir que administrar funcionários - no sentido de fazer recrutamento, seleção, admissão, avaliação, classificação, dispensa, controle de conflitos, atendimento de demandas trabalhistas, bem como sindicais - passa a ser algo que tem sua importância diminuída, pelo simples fato de que a rotatividade tende a zero, e a ação sindical se esvazia.

Ficará, pois, sem função ou com pouca função, o atual profissional de recursos humanos?

Certamente que não. Aliás, até que muito pelo contrário. As relações de trabalho não desaparecem mas sim se transfiguram no sentido de que a concepção delas se expande, não só dentro dos limites da empresa, vista de forma convencional, como atinge seus fornecedores, parceiros de negócios, distribuidores, representantes e franqueados.

Numa concepção holística os atuais profissionais de recursos humanos passam a se credenciar como pessoas detentoras de conhecimentos essenciais para as relações pessoais e com a comunidade, espaço este ocupado, muitas vezes, por profissionais despreparados para lidar com relações sociais complexas, exigentes de uma postura humanística comum àqueles que lidam competentemente com pessoas.

O que foi dito até agora é uma realidade brasileira, ou se constitui numa prospecção para um futuro, quem sabe, longínquo?

Fica difícil estabelecer uma previsão em termos de quando isso ocorrerá de forma significativa no Brasil. 
O fato é que muitas empresas já hoje estão desfrutando de uma situação similar à descrita e a cada dia cresce, de forma avassaladora, a consciência dos empresários sobre a necessidade de se chegar a este estágio de organização social nas empresas.

Certamente um profissional que esteja em vias de se aposentar e tenha perdido o interesse quanto às modificações que estão ocorrendo em sua área  de atividade, não deve  dar atenção ao que foi escrito até agora.

Os outros,  entretanto, ou  seja, aqueles que estarão em atividade neste terceiro milênio, estes, certamente,  terão  de  conviver  com as mudanças descritas. Poderão ser atingidos  por elas,  ou poderão ser eles mesmos agentes destas mudanças.

Qual a sua escolha?

* Professor de administração, escritor e empresário. crmendes@via-rs.net

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