Empregabilidade
Prof. Carlos Reinaldo Mendes Ribeiro
Empresa familiar? Ótimo! **
Carlos Reinaldo Mendes Ribeiro *
Muitos empresários se preocupam com a sucessão em suas empresas familiares, como se o fato deles se afastarem dos negócios, pudesse ser um problema.
Realmente houve época em que era justificável essa preocupação, mas isso está superado e somente pode ser problema para empresas que não se modernizaram e continuam sendo administradas como se fazia antigamente.
Uma empresa moderna é essencialmente concepção que deve estar introjetada em todos que nela trabalham. Essa concepção determina a cultura da empresa, gera sua identidade e sua imagem perante fornecedores e consumidores, ou seja, o que realmente importa e tem valor.
Numa empresa moderna não há cargos ocupados e disputados, não há chefias, há responsabilidades assumidas e cobradas.
Quando inexiste a linha de comando que antigamente era tão valorizada, o papel dos dirigentes deixa de ser relevante em termos de autoridade, já que o que importa é a abrangência da responsabilidade.
Numa empresa moderna cada pessoa que nela trabalha tem a empresa dentro de si, introjetada.
Assim sendo, é irrelevante a presença física do empresário e injustificável qualquer preocupação com sucessão, pelo simples motivo de que não haverá sucessão. Ele estará sempre presente, vivo ou morto, talvez até mais presente depois de morto.
Foi-se o tempo em que se dizia “pai rico, filho nobre, neto pobre”, pois isso só pode ocorrer caso não se tenha preocupação com a introjeção nas pessoas que constituem a organização dos valores que determinaram o sucesso gerado pelo tal do “pai” que ficou rico.
Os valores que determinaram o êxito do “pai” deverão ser preservados e mantidos, sem que isso implique no “sacrifício” de herdeiros terem de assumir a direção da empresa, mesmo quando não sejam vocacionados para tal.
Essa a grande vantagem da empresa familiar, algo muito relevante em comparação com sociedades nas quais os sócios não possuem convergência de valores e há uma constante disputa que inviabiliza uma concepção unificada.
Isso sim é preocupante.
* Professor, consultor e escritor. crmendes@via-rs.net
** Publicado no Jornal do Comércio em 29/05/06